Vítor não falava. Quando o conheci já uma doença chamada esclerose lateral amiotrófica o apanhara, bem em cheio nos anos mais belos da sua vida.
Implacável, apesar do casamento já apontado e da promessa de ter uma família que o mundo já antes lhe roubara.
Implacável e silenciosamente, a doença roubara-lhe também, primeiros os movimentos das pernas, depois os dos braços, depois a fala… numa terrível prisão no seu próprio corpo.
Nos últimos anos escrevera textos de humor, brincando sem malícia com os utentes e funcionários do Pousal, a unidade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa onde vivia.
Conseguira também ver publicados os seus poemas num livro que atingira os topos de vendas. E quem dele se abeirava podia contar sempre com um sorriso maroto e bem disposto, como que a dizer – deixa lá isso e vive a vida.
Fredy, a amiga que Deus pusera no seu caminho quando a solidão parecia levar a melhor, tinha encontrado uma técnica para comunicar com ele: lentamente, soletrava as letras de um alfabeto disposto na mesa de apoio da sua cadeira de rodas. Mais tarde, e graças ao interesse da Portugal Telecom, Vítor recebeu um computador com um sistema muito primário (e demorado) de escrita. É que, apesar de equipamentos militares, destinados a matar, já há muito poderem contar com apontadores guiados pela retina, para pessoas como o Vítor, presas num corpo sem qualquer movimento e incapazes sequer de articular um som, esta e outras tecnologias ainda não estão disponíveis.
Naquela segunda-feira parecia que o Vítor ainda iria levar a melhor sobre a infecção pulmonar oportunista que o tinha tomado. Mas aquele corpo crucificado, que há muito perdera os movimentos, não viria a resistiria ao dia seguinte. Faleceria quatro dias depois de ser internado, sem nunca ter perdido aquela lucidez aguda com que, nos seus apenas 37 anos, havia sido profeta da comunhão e da comunicação… com poucas palavras mas sentidas e com verdade.
Implacável, apesar do casamento já apontado e da promessa de ter uma família que o mundo já antes lhe roubara.
Implacável e silenciosamente, a doença roubara-lhe também, primeiros os movimentos das pernas, depois os dos braços, depois a fala… numa terrível prisão no seu próprio corpo.
Nos últimos anos escrevera textos de humor, brincando sem malícia com os utentes e funcionários do Pousal, a unidade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa onde vivia.
Conseguira também ver publicados os seus poemas num livro que atingira os topos de vendas. E quem dele se abeirava podia contar sempre com um sorriso maroto e bem disposto, como que a dizer – deixa lá isso e vive a vida.
Fredy, a amiga que Deus pusera no seu caminho quando a solidão parecia levar a melhor, tinha encontrado uma técnica para comunicar com ele: lentamente, soletrava as letras de um alfabeto disposto na mesa de apoio da sua cadeira de rodas. Mais tarde, e graças ao interesse da Portugal Telecom, Vítor recebeu um computador com um sistema muito primário (e demorado) de escrita. É que, apesar de equipamentos militares, destinados a matar, já há muito poderem contar com apontadores guiados pela retina, para pessoas como o Vítor, presas num corpo sem qualquer movimento e incapazes sequer de articular um som, esta e outras tecnologias ainda não estão disponíveis.
Naquela segunda-feira parecia que o Vítor ainda iria levar a melhor sobre a infecção pulmonar oportunista que o tinha tomado. Mas aquele corpo crucificado, que há muito perdera os movimentos, não viria a resistiria ao dia seguinte. Faleceria quatro dias depois de ser internado, sem nunca ter perdido aquela lucidez aguda com que, nos seus apenas 37 anos, havia sido profeta da comunhão e da comunicação… com poucas palavras mas sentidas e com verdade.
O Vítor não desistira nunca de Viver e de se comunicar. Não estava preso a si mesmo - como tantas vezes nós, que nos mexemos e falamos.
A sua vida foi uma lição e amizade um privilégio. Que continuaremos a ter, pois o amor só pode ser vivido no presente!
A sua vida foi uma lição e amizade um privilégio. Que continuaremos a ter, pois o amor só pode ser vivido no presente!
- Alguns poemas e fotos (Blog do Vitor e da Fredy)
- Uma dedicatória em geito de música: