1.8.08

Conhecer-se através do Amor

(...) Na medida em que alguém se procura sempre a si mesmo e insiste no êxito e na plenitude do próprio eu, este eu torna-se contraditório, penoso e descontente, dissolve-se em mil formas. No fim fica só a fuga de si mesmo e a incapacidade de se suportar, o refúgio em múltiplas formas de egoísmo.
É o sim que me é dado por um tu que me torna, por seu turno, capaz de dizer um sim verdadeiro ao outro.
O nascimento biológico não basta. O homem só pode acolher o seu eu com a força da aceitação do seu ser, que vem dum outro, do tu. Este sim do amante atribui-lhe a sua existência dum modo novo e definitivo. Ele recebe uma espécie de renascimento, sem o qual o seu nascimento ficaria incompleto e o deixaria em contradição consigo mesmo.
Para avaliar a validade desta afirmação podemos pensar na história das pessoas que foram abandonadas pelos pais nos primeiros meses de vida e não foram acolhidas por um amor que afirmasse e abraçasse a sua vida.

O caminho para amar é o caminho da verdade
"Aceitar-se a si mesmo, «amar-se», pressupôe, por sua vez, encontrar-se no caminho da verdade. O amor verdadeiro está pronto a compreender mas não a aprovar, declarando como bom o que não é bom.(...)
O amor refere-se à pessoa tal como ela é. Também as suas fraquezas. Mas um amor real, ao invés do breve encanto do momento, tem a ver com a verdade, e desse modo dirige-se à verdade desta pessoa, que pode até não estar desenvolvida, estar escondida e deformada.
(...)
É certo que o amor inclui uma disponibilidade inexaurível para o perdão, mas o perdão pressupôe o reconhecimento do pecado como pecado. O perdão é cura, ao passo que a aprovação do mal seria destruição, seria aceitação da doença, e precisamente dessa forma não seria bondade para com o outro"


Necessidade de um amor particular para amar a humanidade
De forma natural, o amor é uma escolha, não tem em vista «milhões», mas sim precisamente aquela pessoa. Mas exactamente nesta escolha, nesta única pessoa, a realidade aparece-me sob uma luz nova.
O universalismo puro, a filantropia genérica, fica vazio, ao passo que a escolha distintiva e determinada, que recai sobre esta pessoa, dá-me também novamente o mundo e as outras pessoas, e a mim a elas.


Adaptado de "Olhar para Cristo - Exercícios dé fé, esperança e caridade", J.Ratzinger

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